Resenha: O Prisioneiro do Céu


Um final perfeito e comovente para os livros do ciclo do Cemitério dos Livros Esquecidos. Carlos Ruiz Zafón mais uma vez nos dá o imenso prazer de nos deleitarmos com seu talento para contar histórias. 



Título: O Prisioneiro do Céu
 Autor: Carlos Ruiz Zafón 
Ano: 2012
Editora: Objetiva 
Páginas: 246

O Prisioneiro do Céu é o terceiro livro da trilogia (que não é exatamente uma trilogia, como explicado nas resenhas anteriores) do Cemitério dos Livros Esquecidos, o lugar mágico que encantou os leitores durante toda a saga. Neste, mais uma vez Daniel Sempere é o protagonista, mas o protagonismo é dividido com o mais cativante dos personagens dessa história, Férmin Romero de Torres.

 Esse volume é uma visitação de Fermín a lugares inóspitos de seu passado e, a Daniel, é uma descoberta de cantos da sua história que ele jamais foi capaz de imaginar.
Como nos demais livros, a narrativa é sombria, mas desta vez revela uma face diferente das histórias soturnas, pois expõe as entranhas de uma sociedade politicamente corrompida, em que as vaidades pessoais são postas acima da bem e do mal.


Como não poderia faltar, Zafón nos brinda com suas frases que na verdade são pílulas de ironia e que marcam seu texto com reflexões bem atuais sobre vários seguimentos da vida humana e,  mais uma vez, eu separei para vocês os que mais chamaram minha atenção: 

Essa, é claro, é do Fermín:

[...] Dizem os entendidos que o futuro da literatura está nas mãos das mulheres [...]. p. 13. 

Eu achei que esse trecho mostra a visão de futuro do autor, pois o que vemos hoje são as mulheres dominando o cenário literário, tanto como leitoras como autoras, vemos as mulheres impondo o ritmo editorial, fazendo seus gostos ditarem tendências no mundo literário contemporâneo.

Este outro trecho ilustra a ambientação que domina os três livros, revelando que o mundo das artes é um tema central nessas obras:


Nas noites do meio da semana, reunia-se ali uma boemia de gente do teatro, das letras e outras criaturas de viver incerto, brindando entre si. p. 54


E os trechos que mais gosto, os ácidos, que com muita ironia satirizam as vaidades humanas:

Sua vida parecia encaminhada para aquela existência cinzenta e amarga dos medíocres a quem Deus, em sua infinita crueldade, abençoou com os delírios de grandeza e a arrogância dos Titãs. p. 68
Maurício, que, como todos os literatos sem talento, era no fundo tão prático quanto vaidoso [...]”. p. 68 
– Louco é quem se acha sensato e pensa que não tem nada a ver com a categoria dos tolos.”  p. 87

Quem gostou dos outros dois livros, vai gostar muito desse também, pois segue o mesmo estilo narrativo e encerra algumas histórias com revelações surpreendentes sobre a trama. É muito lindo ver como os três livros se completam e como a história se encaixa perfeitamente.

Ah! E nesse, uma pessoa muito especial é levada a conhecer o Cemitério dos Livros Esquecidos! Para saber quem foi, só lendo mesmo!!!

Como uma boa história de mistério, alguns detalhes parecerem ainda não revelados. Como eu comentei na última resenha, eu esperava que fosse haver uma explicação para o uso do fogo em tantas cenas, pensei que haveria uma cena que explicasse uma origem mais anterior para o uso do fogo como forma de morte para pessoas e livros. Quem sabe um dia eu entreviste o Zafón e possa perguntar isso a ele! Rsrs... Sonhar é sempre permitido!!!

Durante a leitura eu fui sentindo aquela nostalgia, já imaginando a pena que é o fim de uma linda história e a saudade que ela vai deixar. Mas para minha alegria, o fim não pareceu exatamente o final da história e restou a esperança de outro livro possa ser escrito e quem sabe nesse Júlián Carax, David Martín e Daniel Sempere se encontrem. Ia ser demais!

Bem, os livros A Sombra do Vento (resenha aqui), O Jogo do Anjo (resenha aqui) e O Prisioneiro do Céu são para aqueles leitores que amam histórias intrincadas, bem escritas, cheias de aventuras e mistério.

Esses livros são considerados Best Sellers, e, ao contrário do que muitos intelectuais acham, eu creio que isso não depõe contra eles. Ao contrário, em minha opinião, esses livros são justamente a prova de que nem todo Best Seller é necessariamente um livro fraco, de escrita simples e de qualidade literária duvidosa.

Aproveitando essa discussão, eu gostaria de compartilhar com vocês um vídeo de um crítico literário que debate exatamente esse tema.



E eu concordo com ele, pois a literatura não é feita só de cânones e clássicos e nem só para intelectuais e entendidos. A literatura é antes de tudo uma forma de arte, que se realiza de fato quando sensibiliza o leitor, dessa forma, é extramente subjetiva, sendo que cada indivíduo será tocado por um livro ou um gênero diferente e, para ele, o clássico será aquele que lhe deu prazer, que o emocionou, não sendo possível rotular os títulos e obrigar os leitores a gostarem daquilo que é considerado bom por quem se diz entendido no assunto!

Beijos e até nosso próximo encontro! 


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3 comentários

  1. Tenho muita vontade de ler algo desse autor, porque sempre vejo muitos elogios sobre a obra dele.

    Entra em contato com ele! Vai que ele responde teus emails! Hehe!

    http://meuoutroladoescritora.blogspot.com.br/

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    1. Zafon é incrível e encantador... Obrigada pela sua visitinha!!!

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    2. Camila, leia mesmo! O único perigo é vc viciar nele assim como eu, rsrs. Bjus, obrigada pela visita e volte sempre!

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